A importância de ter estratégia na natação

A frequência de braçadas como estratégia em águas abertas e no Triathlon

A importância de ter estratégia na natação

Em provas de águas abertas e na natação do Triathlon, a frequência de braçadas é mais do que uma característica individual: é uma variável estratégica. Ela funciona como um termômetro da adaptação do atleta às condições externas — muitas vezes imprevisíveis — e pode mudar completamente o rendimento ao longo do percurso.

Ao contrário da piscina, onde o ambiente é controlado, o mar apresenta desafios como ondulação, vento lateral, correnteza e variações de profundidade. Esses fatores interferem diretamente no comprimento da braçada, na cadência e na capacidade do atleta de manter a linha de nado. Por isso, compreender como ajustar a frequência de braçadas em cada cenário é um dos elementos que diferenciam os nadadores mais eficientes.

Condições adversas e maior cadência


Em mar agitado, com ondas curtas ou quebração na entrada e saída, a cadência mais alta costuma ser a principal aliada. Braçadas mais rápidas — e levemente mais curtas — ajudam a manter o corpo estabilizado e reduzem o impacto dos solavancos provocados pelas ondas.

Água lisa e ritmo prolongado


Quando o mar está calmo ou o percurso ocorre em lago, represa ou rio com pouca influência de vento, o cenário muda. Nessas condições, o atleta pode se beneficiar de uma frequência um pouco mais baixa, com braçadas mais longas e maior eficiência de deslocamento.

Vento lateral e navegação constante


Quando o vento vem de lado, ele cria ondulações irregulares e desalinha o corpo do atleta. Para compensar, uma cadência ligeiramente mais alta pode ajudar a manter estabilidade e evitar deriva.

Estratégia de prova e adaptação contínua


A frequência de braçadas também varia conforme o ritmo de prova. Atletas experientes tendem a iniciar com uma cadência mais alta para posicionamento, reduzir um pouco no trecho intermediário e elevar novamente na aproximação da boia e na saída da água.

Cadência ideal: mais ciência do que mitologia


Não existe uma frequência de braçada universal. Atletas elite do Triathlon e da maratona aquática apresentam cadências que variam entre 65 e 85 braçadas por minuto. O que existe, de fato, é uma cadência ideal para cada situação — e um atleta preparado é aquele que domina a arte de alternar entre amplitude, ritmo e economia energética.

Frequência


A frequência de braçadas é uma das ferramentas mais sofisticadas e menos discutidas no arsenal do triatleta. Saber ajustá-la às condições de mar, vento e ritmo de prova transforma a natação em um movimento inteligente, eficiente e estratégico — capaz de decidir o desempenho não só no primeiro trecho, mas em todo o Triathlon.

Matheus Evangelista é nadador de águas abertas e headcoach

@ matheusevangelista1