Old School: Rosana Merino

Rosana Merino, uma vida dedicada ao esporte

Old School: Rosana Merino

Muitos conhecem a Coach Rosana Merino, treinadora da equipe RM Sports, de Campinas (SP), mas poucos da nova geração sabem que ela foi uma das melhores triatletas do Brasil na década de 90.

Nascida numa família de atleta, seu pai, Hilario Rodrigues dos Santos, foi jogador de futebol e sempre incentivou as práticas esportivas.

Devido uma bronquite asmática diagnosticada em sua irmã mais velha, todos foram levados à pratica da natação. Tendo um pai estudioso e treinador, cresceu lendo livros e vendo reuniões de técnicos e atletas em sua casa.

Rosana foi nadadora dos seis aos 21 anos, onde conquistou muitos títulos (entre eles, 36 vezes campeã paulista e 12 vezes campeă brasileira). Ela fez faculdade de Educação Física e depois de largar a natação de alto rendimento, decidiu fazer um esporte onde pudesse se divertir, sem grandes compromissos.

"Na minha primeira prova em Itapira, venci; e na segunda, em Santos, fiquei em terceiro. Resultado este que fez me dedicar profissionalmente ao triathlon por muitos anos. Fiz provas até 2005, onde fui Campeã Mundial de Aquathlon, em Honolulu, Havai", relembra ela.

Além do triathlon, Rosana fez muitos esportes paralelos, como corridas de rua, ciclismo e provas de aventura, e ensina: "Essas provas você tem que ter cabeça fria e estar consciente de que independente de qualquer adversidade, você tem que prosseguir.”

ACIDENTE CIRÚRGICO


Em fevereiro de 2011, ao acompanhar de moto seus atletas em um treino de ciclismo, Rosana sentiu forte dor nas costas, e isso não a deixou dormir por muitos dias.

Procurou ajuda médica e foi encaminhada a uma cirurgia na coluna. Ao ser informada que o procedimento era relativamente simples, resolveu encarar a "faca"...

Para ter ideia do que aconteceu, nada melhor do que o relato emocionado da própria:

"Dei entrada no Hospital Madre Theodora em Campinas no dia 15 de março de 2011. Me lembro que estava já preparada para ser levada para sala por um enfermeiro, e ele me perguntou se eu gostaria que ele empurrasse minha maca com ou sem emoção... e como não poderia deixar de ser, minha resposta foi: Com emoção!

E saímos voando pelos corredores até a sala. Depois disso, me lembro de ter visto uma luz forte e meu médico me estendendo a mão, pois a cirurgia teria terminado. Também me recordo que pensei em estender o braço mas ele não foi. Minha próxima recordação foi a de ouvir algumas vozes perto de minha cama. Era a troca de enfermagem dentro da UTI do Hospital. Ouvi a seguinte frase :

'Essa é aquela triatleta que fez uma cirurgia de coluna e ficou tetraplégica. Não dá para descrever como me senti. Lembro que tentei chorar mas nem para isso tinha força, e quase fiquei sem ar.

Horas se passaram até o primeiro horário de visitas, e tive que me manter calma até alguém me confirmar a notícia. Daí para frente foi uma luta diária. Jamais aceitei a possibilidade de nunca mais ficar em pé. Eu praticamente não dormia mandando mensagens para meu pé mexer, e nada acontecia.

Chegava a pingar suor no meu rosto de tanta força mental. Fiquei uma semana na UTI e muitos dias no quarto do Hospital. Em um desses dias olhei e vi um pequeno movimento no meu dedo do pé, e tive a certeza que o caminho seria difícil, mas possível. Desde então estou em recuperação e sinto que melhoro, apesar de todos os médicos sempre falarem que minha lesão não teria cura.

Minha cabeça de atleta foi o que fez progredir na recuperação, minha vida esportiva contribuiu para que eu tivesse a determinação da cura. Como treinadora tento passar sempre aos atletas que tudo é possível, desde que você se dedique de corpo e alma. Apaixonada por performance, acompanho praticamente todas as provas, seja no Brasil ou fora. Trabalho com atletas profissionais e amadores e estou presente em todos os treinos.

Participo e incentivo com a certeza que não existe impossibilidades se você tem Coragem e Determinação."