Strava x Garmin encerram batalha judicial

O caso havia causado espanto na comunidade de atletas

Strava x Garmin encerram batalha judicial

A Strava comunicou que desistiu voluntariamente do processo contra a Garmin, encerrando o que foi uma breve, porém controversa, ação judicial que deixou grande parte da comunidade de esportes de resistência perplexa.

Apenas três semanas após entrar com um processo de violação de patente visando o uso de recursos de roteamento e segmentação pela Garmin, a Strava apresentou um breve documento judicial anunciando a decisão de retirada. O documento de uma linha diz: "...A autora Strava, Inc., por meio de seu advogado abaixo assinado, rejeita voluntariamente a ação acima mencionada, sem prejuízo."

RELEMBRE O CASO


Essa simples frase encerrou abruptamente um caso que havia causado espanto tanto no mundo da tecnologia quanto no da corrida e, consequentemente, no triathlon. O processo inicial alegava que os produtos da Garmin, incluindo muitos de seus wearables e ciclocomputadores, violavam duas patentes da Strava relacionadas ao roteamento por mapa de calor e segmentos ao vivo. A Strava chegou a pedir ao tribunal que suspendesse as vendas dos dispositivos afetados, uma medida que teria atingido um dos maiores players em tecnologia de resistência.

A ação judicial foi tão surpreendente tanto pelo momento quanto pelo alvo. A Garmin é uma das parceiras mais importantes da Strava há mais de uma década, fornecendo os dados e a base de usuários que alimentam grande parte da plataforma da Strava. Os usuários da Garmin representam uma grande parcela dos assinantes da Strava, e suas atividades publicadas contribuem significativamente para o banco de dados global de rotas da empresa.

Observadores da indústria foram rápidos em apontar que processar um parceiro tão crítico acarretava grandes riscos. A Garmin possui um vasto acervo de patentes e um forte histórico de defesa bem-sucedida em casos semelhantes. Durante os 21 dias do processo, a Garmin não apresentou nenhuma resposta pública, exceto para nomear seus representantes legais. Quaisquer discussões que tenham ocorrido parecem ter ocorrido a portas fechadas, levando à rápida reversão da Strava.

As consequências podem ser mais difíceis de resolver do que o próprio processo. Nas últimas semanas, a Garmin anunciou integrações mais profundas com a Komoot, concorrente direta da Strava, incluindo uma recomendação aos novos usuários da Garmin para conectarem seus dispositivos à Komoot durante a configuração. O momento sugere que a Garmin pode estar transferindo suas parcerias da Strava após a disputa.

Não está claro o que a Strava esperava alcançar com o caso. Alguns analistas especularam que a medida visava sinalizar aos investidores, antes de uma possível oferta pública em 2026, que a Strava pretende defender e monetizar suas patentes. Mas a tática parece ter saído pela culatra, gerando críticas por colocar em risco o relacionamento mais valioso da empresa e alienar muitos usuários fiéis.

Por enquanto, a crise imediata parece ter acabado. As atividades continuarão a fluir perfeitamente dos dispositivos Garmin para a Strava, e a ameaça de desconexão de dados que alarmava tantos usuários já passou. No entanto, os danos à confiança e à parceria podem persistir. Resta saber se o tempo consertará o relacionamento entre essas duas gigantes da tecnologia de resistência.

Fonte: DC Rainmake